Feagri em Foco
2007
A audiência teve por objetivo discutir o real impacto da produção de etanol no meio ambiente e foi realizada em atendimento a requerimento de autoria do senador João Tenório (PSDB-AL), presidente da subcomissão. Participaram dos debates Laura Tetti, ambientalista e consultora da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única); Luiz Cortês, professor de Engenharia Agrícola da Unicamp; Manoel Régis Lima Verde Leal, doutor do Centro Nacional de Energia Alternativa; e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
Laura Tetti disse que a cana é uma das atividades que apresenta o mais baixo índice de erosão do solo - "matéria-prima básica até para o crescimento da vegetação nativa". Esse é um dado muito importante e deve ser levado em conta, disse a consultora. Ela fez uma comparação entre a cana e a soja, afirmando que esta última, tida como símbolo da modernidade, apresenta, no entanto, um nível de erosão do solo 62 vezes maior do que a cana. Disse ainda que a mamona tem índice de erosão 235 vezes maior do que o da cana, acrescentando que a cana tem também o menor uso de defensivos agrícolas.
Para Laura Tetti, existe uma discussão emocional em torno da ampliação das plantações da cana de açúcar para uso do etanol, baseada em projeções e mazelas praticadas pelo setor no passado.
- Existe tendência de projetar na planta cana os vícios, as mazelas as injustiças e práticas do processo de colonização do passado. O Brasil teve problemas graves em função desse processo, mas não deve projetar isso na cana-de-açúcar - afirmou a consultora da Única.
Laura Tetti informou que o ganho de produtividade da cana é de 4% ao ano, ou seja, a cada ano o volume de rendimento da cana em um hectare plantado aumenta 4%. Para ela, esse percentual "é muito bom".
A consultora abordou ainda uma questão polêmica, que é a queima da palha do canavial, um dos processos de produção que facilita o corte manual e aumenta a produtividade do cortador de cana, criticado por ambientalistas por liberar gás carbônico e demais gases que prejudicam o meio ambiente. Para Laura Tetti essa prática é inaceitável, pois há processos melhores, com uso de mecanização, que resolveriam esse problema. Ela observou, inclusive, que o ganho de 4% de produtividade é medido levando em conta a maneira de produção atual, com a queima da palha.
- Mas não se pode associar a queima com a questão da cana, seria um erro conceitual- afirmou Laura Tetti, observando ainda que o uso do etanol contribuirá para a redução do aquecimento global.
Dadas as peculiaridades agrícolas da cana de açúcar no Brasil, cada tonelada desse produto direcionada para a produção de álcool combustível, conforme a consultora, absorve 0,18 tonelada de CO2, já contabilizadas as emissões resultantes do processo industrial e da queima do álcool como combustível.
Produção
O setor sucroalcooleiro é o mais organizado do país, utiliza alta tecnologia e movimenta cerca de R$ 15 bilhões, afirmou Luiz Cortês. Para o professor de Engenharia, a questão da elevação da temperatura do planeta é um assunto importante que estará em pauta nos próximos 50 ou 100 anos e terá que ser levado em conta, restando a discussão de opções a serem adotadas.
Os biocombustíveis, segundo Cortês, podem melhorar essa situação e são uma opção interessante para o país, pois "existe espaço para aperfeiçoar a tecnologia com a produção do etanol da cana de açúcar". Segundo o professor, se tudo for feito da melhor forma, a temperatura da Terra vai aumentar 1,5 grau. Se nada for feito, a temperatura aumentará 4 graus.
- O uso do álcool é a melhor opção do mundo em termos de combustível - disse.
Helena Daltro Pontual / Agência Senado
Os testes foram realizados na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), sob orientação da professora Marlene Rita de Queiroz. Josane recorreu aos polímeros existentes no mercado e adaptou o material para ser usado como revestimento biodegradável. "A idéia foi prolongar a conservação do coco variedade anão verde, sem alterar as qualidades sensoriais e nutritivas da água contida nele. Isso possibilitaria maior tempo para a sua comercialização", explica a engenheira.
As embalagens foram desenvolvidas com três materiais diferentes ? gelatina de pele suína, quitosana e carboximetilcelulose ? sendo que, em determinados testes, a engenheira optou por fazer uma mistura dos materiais. Apenas o biofilme de carboximetilcelulose não se mostrou eficiente nos testes. De acordo com a pesquisadora, o material é incompatível com as outras substâncias.
As amostras foram retiradas a cada dez dias de armazenamento para diversas análises, inclusive sensoriais. Os biofilmes à base de quitosana, gelatina e da mistura de quitosana e gelatina apresentaram melhor desempenho na conservação da água de coco. O biofilme de quitosana, entretanto, teve melhor resultado e conservou mais adequadamente as características nutricionais e sensoriais da água de coco, o que proporcionou, conseqüentemente, maior aceitação do consumidor e melhor aparência do fruto.
A quitosana tem variadas aplicações, entre as quais, o tratamento de queimaduras e o controle de microrganismos. Já a gelatina é eficiente por proporcionar biofilmes com boas propriedades físicas. Por isso, os dois tipos de materiais foram os que obtiveram os melhores níveis de aceitação para o consumo.
Pesquisa integra projeto temático
As pesquisas da Feagri estão no contexto do que os especialistas classificam de agricultura de precisão. Como o nome sugere, a técnica consiste no desenvolvimento de métodos e tecnologias que confiram maior exatidão às atividades do setor. De acordo com o professor Paulo Graziano, coordenador dos estudos, o conceito nasceu nos Estados Unidos, no final dos anos 80. Inicialmente, as abordagens estavam voltadas mais diretamente ao gerenciamento da área cultivada. Assim, com o apoio da informática, de softwares específicos e dos recursos proporcionados pelo sistema de posicionamento por satélite, o popular GPS, foram concebidos sistemas para orientar o manejo de variadas culturas, notadamente a de grãos.
Equipamento instalado em máquina agrícola: monitoramento em tempo realDito de outro modo, os técnicos levantam e cruzam dados sobre solo, relevo, clima, quantidade de defensivos utilizada etc. Em seguida, as informações são georreferencidas e espacializadas, de modo a monitorar a produção, metro a metro, de uma determinada propriedade. Com isso, são gerados mapas de produtividade extremamente detalhados, que permitem ao agricultor exercer maior controle sobre a plantação, abreviando desse modo o tempo de resposta para a correção de um problema. "A partir dessa técnica, é possível saber com bastante exatidão, por exemplo, que área está produzindo menos e se naquele ponto específico é preciso irrigar mais e/ou aumentar o uso de fertilizantes", explica o professor Paulo Graziano.
Consolidada esta etapa, pelo menos do ponto de vista tecnológico, uma vez que a técnica ainda não é aplicada em larga escala no Brasil, a agricultura de precisão está entrando numa outra etapa no país, conforme o docente da Feagri. O objetivo agora é juntar o conhecimento já obtido às tecnologias ainda em desenvolvimento para aperfeiçoar o gerenciamento mais amplo da propriedade agrícola. No caso da equipe da Unicamp, as pesquisas estão voltadas à cana-de-açúcar, um importante item da economia brasileira.
Segundo o professor Paulo Graziano, os trabalhos tiveram início em 1998. De lá para cá, foram registrados diversos avanços. Os estudos geraram, inclusive, o registro de patente de um equipamento que permite a elaboração de mapas de produtividade e a incorporação de outros dados importantes ao gerenciamento do cultivo. A tecnologia é fabricada pela Enalta Inovações Tecnológicas, de São Carlos, empresa que adquiriu da Unicamp os direitos de licenciamento do produto. A meta atual dos pesquisadores da Feagri é desenvolver um sistema que possibilite o gerenciamento em tempo real das atividades de corte, colheita e transporte da cana. "Por meio de equipamentos embarcados em tratores e colhedoras, nós poderemos saber onde a máquina está trabalhando, quanto ela está colhendo, quanto tempo ela está levando para desempenhar essa tarefa e que volume foi efetivamente depositado nos caminhões que se dirigirão às usinas", afirma Paulo Graziano.
De posse dessas informações, os responsáveis pelo gerenciamento da usina saberão instantaneamente, entre outras coisas, se um caminhão quebrou, se há filas de veículos formadas em razão de demora no processo de colheita ou se há carência de caminhões para realizar o transporte do produto. "Ou seja, trata-se de uma importante ferramenta para a tomada de decisões. Por meio dessa técnica, é possível identificar e corrigir os problemas de forma mais rápida e precisa", analisa Paulo Graziano. As pesquisas, prossegue o professor, estão na fase inicial e contam com a colaboração das empresas Enalta Inovações Tecnológicas e Agricef Soluções Tecnológicas para Agricultura, além do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Escola Politécnica da USP.
Segundo o docente da Feagri, foi firmado acordo com a Usina São Martinho, localizada em Pradópolis, interior de São Paulo, que servirá de piloto aos estudos. Os equipamentos estão sendo instalados nas máquinas agrícolas e a usina fará a assinatura de um canal de GPRS (General Packet Radio Service), tecnologia que aumenta as taxas de transferência de dados. "Nossa expectativa é que dentro de um ano nós já tenhamos resultados efetivos para divulgar", prevê Paulo Graziano. O docente explica que os procedimentos de corte, carregamento e transporte representam aproximadamente 40% dos custos de produção da cana-de-açúcar. "Se conseguirmos aumentar a eficácia dessas etapas, certamente será possível reduzir gastos e obter ganhos de produtividade", antecipa.
Mas se as técnicas proporcionadas pela agricultura de precisão podem trazer benefícios tão significativos para a agricultura brasileira, por que ela ainda não é empregada em larga escala no país?
De acordo com o professor Paulo Graziano, alguns fatores contribuem para essa pequena expansão. Um deles, obviamente, é o alto custo da tecnologia. "Mas não é apenas isso. Alguns setores, como o sucroalcooleiro, ainda são bastante conservadores no que se refere ao uso de métodos e produtos inovadores", analisa. Além de incrementar o gerenciamento agrícola, as pesquisas desenvolvidas na Feagri também geram importantes ganhos acadêmicos, principalmente em relação à formação de mão-de-obra qualificada. "À medida que as técnicas avançam, maior a necessidade de pessoal especializado. Alguns ex-alunos meus já estão atuando no mercado ou constituindo empresa, como é o caso da Agricef, que está abrigada na Incamp [Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp]", diz.
Em 2007, o Prêmio alcançou uma marca recorde de inscritos em duas de suas três categorias: Destaque (49) e Pesquisa & Desenvolvimento (516). Na categoria Novidade, o número de inscrições foi igual ao de 2006 (35). No total, foram 600 participantes.
Para avaliar os inscritos na categoria Destaque, que obteve inscrições do Brasil, Chile e Argentina, a comissão julgadora percorreu mais de 69 mil quilômetros (o equivalente a 1,7 volta ao redor do planeta Terra pela Linha do Equador) e entrevistou 592 usuários dos equipamentos. Os membros da comissão visitaram pessoalmente os locais onde as máquinas e equipamentos são utilizados, para verificar seu desempenho.
Este contato direto com os produtores é o principal diferencial do prêmio, segundo o prof. Luiz Fernando Coelho de Souza, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador da Comissão Julgadora da premiação. "O produtor rural sabe exatamente o que quer. É exigente em termos de máquinas, equipamentos e tecnologias. Suas demandas por conhecimento e assistência técnica, em todos os níveis, é muito grande."
A partir das entrevistas com os produtores, a organização do prêmio elabora relatórios analíticos sobre os inscritos na categoria Destaque, vencedores ou não, com observações sobre os pontos fortes e fracos de cada produto. Os relatórios, confidenciais, são entregues aos fabricantes das máquinas, o que constitui uma importante ferramenta de avaliação e contribui significativamente para o aperfeiçoamento de produtos e processos.
Os inscritos na categoria Novidade foram avaliados nos estandes das empresas na própria Expointer, antes da abertura da feira. Concorrem à modalidade inovações tecnológicas lançadas no mercado há, no máximo, um ano (após a Expointer 2006) e participantes da edição deste ano. Já os trabalhos científicos inscritos em Pesquisa e Desenvolvimento foram avaliados por uma comissão julgadora especial, formada por seis especialistas em mecanização agrícola. A categoria registrou inscrições do Brasil, Argentina e Colômbia.
Os Vencedores
Categoria Pesquisa e Desenvolvimento
Inscrições batem recorde, com 516 participantes
Em 2007, as inscrições para a categoria Pesquisa e Desenvolvimento foram ampliadas para todas as áreas da engenharia agrícola. Até a edição passada, apenas trabalhos da mecanização agrícola podiam concorrer ao prêmio. Nesse ano, também puderam participar trabalhos das áreas de construções rurais e ambiência, energia na agricultura, engenharia de água e solo, ciência e tecnologia pós-colheita, topografia, fotogrametria, sensoriamento remoto e ensino, pesquisa, extensão e política profissional. Os 516 trabalhos científicos foram analisados em dois grupos: estudantes e profissionais.
Entre os profissionais, foi escolhido o trabalho Unidade móvel de auxílio à colheita (Unimac) para tomate de mesa, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp (São Paulo). Os autores são Marcos David Ferreira, Oscar A. Braunbeck e Augusto César Sanchez.
O estudo apresenta o projeto de construção de uma máquina para auxiliar na colheita de tomate, a Unimac. O equipamento realiza as operações de colheita, classificação e embalagem e é capaz de reduzir significativamente as perdas de produto. Além disso, ele diminui em até oito vezes o tempo gasto no processo, quando comparado ao método convencional. Sua capacidade produtiva é estimada em duas toneladas/hora de tomates colhidos, classificados e embalados.
O trabalho vencedor entre os estudantes vem da Universidade Federal do Ceará (UFC) e é intitulado Desenvolvimento de sistema de rádio aquisição de dados para sensoriamento de umidade e temperatura do solo e atuação em sistemas de irrigação. O estudo foi elaborado pelo estudante de mestrado Clemilson C. Santos, orientado pelo prof. Adunias dos S. Teixeira.
Os pesquisadores desenvolveram um sistema de aquisição e controle de dados, via rádio freqüência, para o monitoramento de irrigação pressurizada. O objetivo é otimizar o uso da água na agricultura. É um equipamento muito prático, fácil de instalar no campo e que fornece medidas diretas, substituindo as leituras manuais. Tem baixo custo de instalação e de operação, independente das distâncias entre a lavoura e operador, não exigindo mão-de-obra especializada para o controle da irrigação.
Mecanismo traz ganho econômico e ambiental
Entre outras vantagens, o novo sistema garante uniformidade na aplicação dos fertilizantes, além de evitar o desperdício para o produtor rural. "As pesquisas atuais caminham no sentido de desenvolver mecanismos que substituam os sistemas mecânicos por sistemas de acionamento elétrico controlados eletronicamente. Primeiro porque os equipamentos eletrônicos oferecem o benefício de serem mais precisos e, também, pela facilidade no manejo de determinadas funções", explica Garcia.
Segundo o engenheiro agrícola, a aplicação em excesso de fertilizantes no solo pode contaminar o lençol freático, causando muitos prejuízos ambientais. Por outro lado, a aplicação em menor quantidade incorre em perda da produtividade. Neste sentido, o sistema desenvolvido na Feagri oferece ganhos em termos de economia e ambientais, pois possibilita a aplicação exata da dosagem necessária.
Com a orientação do professor Nelson Luís Cappelli, Angel Garcia montou uma bancada composta por um motor de corrente contínua, um dosador de fertilizante e um controlador microprocessado com software desenvolvido pelo laboratório.
O sistema permite que, mesmo com variação de velocidade da máquina de adubação, a taxa de aplicação seja constante. Nas áreas agrícolas, tradicionalmente, o controle é realizado de forma mecânica, cujo acionamento do dosador é feito por meio de correntes, engrenagens ou correias.
Uma das dificuldades do sistema mecânico é que ele exige regulagens para a taxa de aplicação do adubo. Neste caso, é necessário parar a máquina e, com o auxílio de ferramentas, fazer os ajustes necessários. Com o novo sistema, este tipo de tarefa seria realizada, sem dificuldades, a partir da cabine do condutor.
Garcia, que já prepara a sua tese de doutorado, afirma que a expectativa agora é construir uma máquina semeadora-adubadora totalmente automatizada. A equipe, formada também pelos pesquisadores Claudio K. Umezu e Edison Russo, estima desenvolver o mecanismo de automação também para a semeadora, o que garantiria uma precisão ainda maior para semear e adubar as áreas agrícolas.
Melhor Tese de Doutorado na área de "Geoprocessamento, Fotogrametria e Topografia"
Tese: "Seleção de espaços rurais para o agroturismo sob a perspectiva de conservação ambiental: uma proposto metodológica"
Aluna: Bernadete da Conceição Carvalo Gomes Pedreira
Orientadora: Rozely Ferreira dos Santos
Melhor Dissertação na Área de "Construções Rurais e Ambiência"
Dissertação: "Influência da dimensão do corpo-de-prova no ensaio destrutivo de compressão paralela às fibras e no ensaio não-destrutivo utilizando ultra-som"
Aluno: Alex Julio Trinca
Orientadora: Raquel Gonçalves
Esse é mais um desenvolvimento da Feagri e parceiros que resulta em transferência de tecnologia para o setor produtivo.
Representantes da Feagri e Embrapa em cerimônia de licenciamento da patente
Com fundamento no art. 177 c/c o inciso IX do art. 183, ambos do Regimento Interno desta Casa de Leis, requeiro a Mesa, ouvido o Soberano Plenário, a aprovação e o envio da Moção de Congratulações ao doutorando em Engenharia Química Osvaldo Cândido Lopese seu Professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) da Universidade de Campinas - UNICAMP, Antônio José da Silva Maciel, e demais colaboradores: Lireny Aparecida Guaraldo Conçalves e Renato Grimaldi, ambos da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), e Matthieu Tubino e Pedro Faria dos Santos Filho, ambos do Instituto de Química (IQ), em reconhecimento pelos estudos e descoberta da substância química denominada ?catalisador?, imprescindível para a transformação do óleo vegetal, extraído de grãos oleaginosos e gordura animal, em biocombustível, nos seguintes termos:
A Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso, representando a vontade da população mato-grossense, por meio do Deputado Estadual Otaviano Olavo Pivetta, vem manifestar votos especiais de congratulações ao doutorando em Engenharia Química Osvaldo Cândido Lopes e seu Professor Engenheiro Agrícola da UNICAMP Antônio José da Silva, e demais colaboradores: Lireny Aparecida Guaraldo Conçalves, Renato Grimaldi, Matthieu Tubino e Pedro Faria dos Santos Filho pela ilustre descoberta da substância química denominada ?catalisador?, imprescindível para a transformação do óleo vegetal, extraído de grãos oleaginosos e gordura animal, em biocombustível.
Esse marco, segundo a sua coordenadora, professora Daniella Jorge de Moura, do Conselho de Infra-Estrutura Rural, é bastante importante para dimensionar o trabalho que vem sendo seriamente desenvolvido pela Faculdade, que tem um único Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola. "Nosso programa possui uma abordagem multidisciplinar como poucas universidades do país têm. Também 100% dos nossos docentes obtiveram titulação mínima de doutor", salienta.
Um dos marcos históricos relatados por Daniella foi a primeira dissertação, apresentada em 1980. As atividades do mestrado começaram em 1978 na então Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), que abrangia inclusive a Feagri. Com o título "Quantificação da deterioração de mandioca durante a secagem em barcaças por convecção forçada de ar aquecido com coletor solar", a dissertação foi orientada pelo professor José Luiz Vasconcellos da Rocha.
Outro marco da pesquisa ocorreu em 1993, quando iniciadas as atividades de doutorado já nas dependências da Feagri. A primeira defesa de tese foi feita em 1995. "De 1993 para 2003, foram dez anos e 100 teses de doutorado. Mas, em menos de cinco anos, chegamos à tese 200 com mais teses em um espaço de tempo menor", comemora Daniella. As teses e dissertações da Feagri, segundo a Biblioteca Digital da Unicamp, já estão 100% digitalizadas e disponíveis aos usuários para consulta. Além disso, a Faculdade registra 22 patentes, em vigência, muitas delas resultantes destas pesquisas.
O Programa de Pós-Graduação da Feagri atrai atualmente estudantes de todo o país, que se distribuem em cinco áreas de concentração (Água e Solo, Construções Rurais e Ambiência, Planejamento e Desenvolvimento Rural Sustentável, Tecnologia Pós-Colheita e Máquinas Agrícolas). Entre os projetos mais destacados, salientam-se os de processamento do biodiesel, materiais alternativos de construções, metodologia de avaliação do bem-estar animal, fontes alternativas de energia, agricultura de precisão e gerenciamento de recursos hídricos.
600 Defesas
Tese 200
A tese de número 200 foi defendida no último dia 23 na Feagri pelo aluno Lóris Lodir Zucco. Título: "Avaliação do comportamento físico-químico-mecânico de misturas de cimento-cinza-casca de arroz através de corpos-de-prova cilíndricos e placas prensadas".
Dissertação 400
A dissertação de número 400 será apresentada no dia 30, às 14 horas, pelo aluno Edu Max da Silva. Título: "Avaliação de um sistema piloto para tratamento de efluentes de sala de ordenha de bovinocultura".
(Isabel Gardenal)
Foto: Antônio Scarpinetti
Edição de imagens: Weslley Morais
Brasil é o 3º maior reciclador do mundo
Esta constatação levou Josânia Abreu Gondim a desenvolver projeto de pesquisa em gerenciamento, tratamento e aproveitamento de águas e resíduos, na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, sob orientação do professor Denis Miguel Roston. O trabalho deu origem à dissertação de mestrado sobre tratamento de efluentes de indústria de reciclagem mecânica de plásticos, utilizando processo anaeróbico e leitos cultivados. A bióloga Josânia Abreu Gondim: melhora dos índices de poluentes variou de 47% a 100% (Foto: Antoninho Perri)
Josânia entende que o trabalho se justifica pela escassez de pesquisas referentes à caracterização do afluente gerado na lavagem de plásticos, empregada no processo de reciclagem mecânica, e também, pela carência de informações e conhecimentos de seus sistemas de tratamento, disposição dos resíduos gerados e recirculação do efluente tratado, de forma a permitir o seu reaproveitamento no processo. A pesquisadora ressalta que, embora seja crescente no mundo a utilização de embalagens plásticas - o Brasil ocupa o oitavo lugar na sua produção -, os plásticos constituem os resíduos sólidos urbanos menos reciclados no mundo. O Brasil já é o terceiro maior reciclador mundial, com o aproveitamento de 16,5%, principalmente no Sudeste, Sul e Nordeste. O trabalho desenvolvido pela pesquisadora, em escala real, foi realizado em indústria de reciclagem localizada na cidade de Sumaré, na região de Campinas. Ela entende que os resultados alcançados, por serem pioneiros, precisam chegar às indústrias para que possam ser implementados por empresas do ramo, que são cerca de 800 no país. Em uma das páginas da tese de Josânia, se lê: "A vida que a gente quer depende do que a gente faz". A citação traduz muito o percurso da autora: bióloga, com especialização em microbiologia, ex-funcionária de empresas de produtos naturais, a pesquisadora atuou em ONGs. Estas vivências a levaram à pós-graduação, por meio de projeto sobre o tratamento de efluentes apresentado a professores da Feagri e a uma empresa de reciclagem mecânica de plásticos com a qual já tinha contato, o que lhe possibilitou um trabalho em escala real. Depois de quatro anos de pesquisas, dois deles com bolsa da Capes, e cerca de R$ 32 mil reais investidos pela empresa na remodelação e ampliação do seu sistema de tratamento de efluentes, os resultados mostraram-se altamente compensadores. Josânia ressalta que "o sistema de tratamento tem que ser eficiente, apresentar reduzido custo de implantação e operação, deve apresentar fácil operacionalidade e coadunar-se com a realidade da empresa". Em 30 dos 31 parâmetros analisados, a melhora dos índices de poluentes variou de 47% (nitrato) a 100% (sólidos sedimentados). A pesquisa ainda disponibiliza às empresas do ramo o conhecimento das metodologias, aplicáveis às suas realidades, e abre caminho para o desenvolvimento de novos estudos acadêmicos. O estudo constata ainda que a melhora nos índices variam de 47% (a menor delas), a mais de 90%, variação atingida em cerca de metade dos parâmetros observados. O pH foi o único parâmetro que atendeu parcialmente à legislação, por razões plenamente explicadas pela autora, mas facilmente corrigível. Embora a indústria já fizesse tratamento do efluente, as análises preliminares mostraram resultados completamente fora das exigências legais. Ao final do processo, o efluente encontrava-se em condições de descarte tanto na rede pública coletora de esgotos como nos corpos d\'água. Embora demande futuros estudos, o lodo resultante parece adequado ao uso como fertilizante, pois apresenta índices baixos de metais pesados, possui altas quantidades de nitrogênio e fósforo e é rico em material orgânico. Ela destaca ainda que o trabalho mostrou possibilidade de recirculação da água empregada na lavagem dos plásticos, o que levaria a uma significativa economia de custos e preservação das fontes naturais. Josânia considera que o sistema foi apropriado à realidade da empresa, já que mostrou ganhos sociais, ambientais e econômicos, além de possibilitar o aproveitamento de resíduos plásticos presentes no efluente e a recirculação do componente tratado. "Houve também redução de impactos ambientais e do custo do transporte dos resíduos sólidos para aterro, além de condições higiênico-sanitárias e operacionais mais apropriadas, entre outros".