Feagri em Foco
2007
A diferença pode ser explicada por fatores como o menor poder aquisitivo dos brasileiros e o elevado custo do produto. Mas uma pesquisa realizada pela Feagri/Unicamp (Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas) com os consumidores de tomates da região mostrou que mais de 95% dos entrevistados estavam insatisfeitos com a qualidade do tomate.
"Observamos também que havia entre os consumidores um grande desconhecimento em relação às variedades. Esta perda de contato com os produtos é natural nos meios urbanos. Os mercados vendem tudo embalado, e o consumidor não precisa mais escolher", diz Marcos David Ferreira, pesquisador colaborador da Feagri/ Unicamp. "Quando você compra uma camisa, sabe qual marca é boa. No supermercado, não tem como saber, porque os produtores não são identificados."
Para Paulo César Tavares de Melo, professor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP (Universidade de São Paulo), o consumidor hoje não tem opção. "O setor hortifruti passou a ser a grande vitrine dos mercados. A feira saiu da rua e foi para dentro do mercado. Você não tem escolha: ou compra na bandejinha, que fica num setor segregado, de preço bem mais alto, ou vai na gôndola e só encontra um tipo de tomate."
Melo refere-se à "commoditização" do tomate, ou seja, à inclusão de diferentes variedades dentro de um mesmo segmento, sem levar em conta as particularidades de cada uma.
"Se houvesse um respeito maior com o consumidor, as empresas produtoras de semente levariam em conta o que o consumidor quer: o sabor. O tomate é uma das hortaliças que têm atualmente o maior número de reclamações dos consumidores."
O evento é uma realização conjunta da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, CATI ? Regional de Mogi das Cruzes, Agrológica - Empresa Júnior de Engenharia Agrícola e Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura ? COBAPLA. Conta com o apoio de empresas do setor como Dow, ABCsem, Cytec do Brasil, Braskem, Petroquímica Triunfo, RioPolímeros, Revista Plasticultura, Polysack, Ampacet e Cromex.
Da programação constam temas como: Racionalização de uso de energia elétrica em cultivo protegido (Prof. Luis Rossi e Eng. Eduardo David ? Feagri/Unicamp), Automação em Ambiente Protegido (Prof. Carlos Eduardo Cugnasca - USP), Antúrio em Cultivo Orgânico (Tecnólogo Agropecuário Jean-Marie Veauvy ? Clonagri/Holambra), Programa de Agricultura em Ambiente Protegido (José Cassiano dos Reis Jr. ? Codeagro/SAA/SP), Dimensionamento de Estruturas de Cultivo Protegido (Prof. John Fabio Acunha - Colômbia), Reciclagem de Plástico Agrícola (INPEV) e Produção de Mudas de Alta Qualidade (Junior Bassetto ? HIDROCERS).
Durante o evento acontece também a assembléia da COBAPLA e uma mesa redonda sobre seguro para estruturas de cultivo protegido. Na sexta-feira (19/10) acontece uma visita técnica a uma área de cultivo protegido no município de Holambra.
Os interessados poderão se inscrever no dia 18/10 das 7:30 as 8:15 horas antes da abertura do evento, através do site www.plasticultura.org.br ou pelo telefone (19) 3521-1088.
Outra meta fundamental da Conferência é atingir o setor produtivo, para que este possa ser informado dos trabalhos que têm sido desenvolvidos, podendo assim debater mecanismos de transferências de tecnologias. O evento contará ainda com o lançamento do livro do professor Antonio Ludovico Beraldo da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagir) da Unicamp. A obra Bambu de Corpo e Alma publicada pela Canal Projetos Editoriais é uma parceria sua com um ex-aluno da Unicamp, atualmente docente da Unesp-Bauru, Marco Pereira. Beraldo e Pereira atentam para as diversas espécies de bambu e suas inúmeras utilidades, dentre elas no setor do agronegócio. Acompanha o livro um CD-ROM ?Mil e uma utilidades? que ilustra o conteúdo com mais de 1.000 fotografias sobre a utilização de bambus.
O evento contará com a participação de importantes palestrantes brasileiros e estrangeiros, além do Comitê Organizador Local composto pelos professores: Paulo César Correia Gomes, Aline Barboza, Flávio Barboza e Marcelle Maria Correia Pais. Para maiores informações:
No evento, discutiu-se a cana energia, uma variedade otimizada para a produção de energia máxima. Tal variedade, segundo o pesquisador da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) Luís Augusto Cortez, atual coordenador de Relações Institucionais e Internacionais (Cori), possui muita fibra e pode ser viável como alternativa para a prática de tecnologias mais modernas de hidrólise, por exemplo.
Convidado especialmente para falar no Workshop, o pesquisador de Barbados, Seshagiri Rao, pertencente ao West Indies Central Sugar Cane Breeding Station (WICSCBS), uma das duas mais antigas estações de geração de cana-de-açúcar do mundo, abordou o potencial genético da cana-de-açúcar para o aumento da produção de biomassa e geração de energia.
Entre outras possibilidades, concluiu Rao, está a produção de açúcar e, nos próximos anos, exportar energia usando cana-de-açúcar apenas como alimento. O pesquisador chegou à Unicamp na última terça-feira. Ele conheceu pesquisadores da Unicamp durante um evento ocorrido na África. O Workshop está dentro do contexto do Programa de Políticas Públicas, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e é resultante de uma parceria entre Unicamp e Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). "A idéia de promover workshops para discussão do tema não é fazer uma atualização tecnológica, mas explorar o futuro das tecnologias", disse Cortez. O projeto é coordenado por ele.
(Isabel Gardenal)
Fotos: Antônio Scarpinetti
Edição de imagens: Natan Santiago
Pelo Brasil foram homenageados, como Empresário Líder, o Dr. Paulo Eduardo Alves Corrêa, Presidente do Laboratório Biovet, empresa que há 50 anos participa diretamente da avicultura brasileira (mais recentemente, da avicultura latino-americana) com produtos e serviços para a saúde animal; e, como Profissional Destacado, a Professora Doutora Irenilza de Alencar Nääs, Professora Titular da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp (ênfase em construções rurais e ambiência), membro da Diretoria da FACTA ? Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas e atual presidente da Associação Internacional de Engenharia Agrícola (CIGR, de âmbito mundial).
O livro introduz o bambu no Brasil, mostra as suas principais espécies, como ele se propaga e como deve ser tratado. O conteúdo também é ilustrado no CD-ROM "Mil e uma utilidades" em mais de 1.000 fotografias sobre as belezas da planta, que para uns é um presente dos deuses, não madeira dos pobres, como julgam outros. As fotos são de bambus para construção, para criação de instrumentos musicais, alimentação, carvão, entre outras. Segundo Beraldo, somente a China registra 4.000 usos do bambu, que já aparecem devidamente catalogados.
Apesar de dizer que o bambu tem pouca durabilidade, ele chega a medir 30 metros de altura. "É fascinante ver a rapidez com que cresce: o recorde mundial é de 1,21 metros por dia", comenta, enchendo o peito para falar. Um dos potenciais da planta, recorda, é para o agronegócio, agora sobretudo que se fala mais em seqüestro de carbono.
"Em Coelho Neto-Maranhão, são 40 mil hectares de bambu, para fabricação de papel", fala Beraldo, um dos poucos pesquisadores sobre o tema no Brasil. Ele relata ainda que Campinas é uma cidade estratégica para o país na produção do bambu e que reza a lenda que a Alameda de Bambusa tudoides foi plantada por Barão Geraldo.
Alguns bambus têm um ciclo de cinco a dez anos de vida. Depois disso, começa a se degradar. "Uma coleção de 20 espécies, por exemplo, dá um bom retorno econômico ao investidor", estima. Beraldo acrescenta que roda nesse negócio algo em torno de US$ 15 a 20 milhões no mundo por ano. Na Colômbia, o bambu é considerado material de primeira grandeza. No Brasil, a maior parte dos bambus não são de origem local. Foram trazidos, na época da colonização, por europeus e asiáticos. A bambusa é até hoje a espécie mais comum e é bastante encontrada em propriedades agrícolas.
Em 239 páginas, o leitor ficará "deliciado" com as curiosidades e alternativas de uso do bambu, trabalho detalhado com esmero pelos autores. O livro, lançado recentemente, foi publicado pelo Canal Projetos Editoriais. Parte do tema é também apresentado nas disciplinas de pós-graduação da Feagri - Bambu: Características e Aplicações e, na graduação, na disciplina Materiais de Construção Civil, da Faculdade de Engenharia Civil - FEC. Foi elaborado com o intuito de fomentar o interesse e a difusão no uso desta planta, aliado ao crescente interesse e à busca por informações técnicas sobre o vegetal. Ao leitor, Bambu de Corpo e Alma. Para comprá-lo (o livro está sendo comercializado a R$ 50,00), os interessados devem fazer contato com a Agrológica Projetos e Consultoria através do telefone 19-3521-1046 ou do e-mail
Shiroma foi selecionado pelo projeto Quartz, no qual propõe a confecção de revestimentos decorativos, como massa corrida, texturas e mosaicos, a partir da utilização de resíduos de pedras mineiras. As vantagens do projeto em relação aos produtos convencionais estão na sustentabilidade. Do ponto de vista ambiental, o ganho está no reaproveitamento de recursos descartados na explosão, segundo ele, feita com dinamites. Do ponto de vista econômico, a reutilização gera uma economia de 10% a 15% para o consumidor, o que o torna mais acessível que o produto convencional. Além disso, os recursos provenientes da comercialização podem ser investidos em novas pesquisas.
Shiroma informa que, no momento, os principais consumidores dos produtos são as empresas preocupadas com a responsabilidade social e preservação ambiental. ?Além das próprias campanhas e investimentos, eles buscam fornecedores também com essa responsabilidade. Então, os produtos desonvolvidos por ele têm sido usados na construção de novos edifícios dessas empresas?, acrescenta.
À produção de quartz soma-se a experiência de produção de artefatos de concreto com material renovável, como bagaço de cana-de-açúcar e bambu do Laboratório de Estruturas da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, coordenado pelo professor Antônio Ludovico Beraldo, orientador do projeto.
Sócio-proprietário em uma empresa de fabricação de blocos e pavimentos de concreto para solo, Shiroma acrescenta que procurou a Unicamp para buscar soluções em um projeto de reaproveitamento de resíduos para confecção de seu produto.
Realizados pelo Santander Universidades, com o desenvolvimento e a gestão do Universia Brasil, os Prêmios Santander de Empreendedorismo e de Ciência e Inovação visam estimular a atitude empreendedora e a pesquisa científica no meio acadêmico, revelando novos talentos que irão beneficiar a sociedade brasileira com a implementação de seus projetos empreendedores e de suas pesquisas científicas. (Da Redação) Foto: Neldo Cantanti Edição de imagens: Luís Paulo Silva
A tecnologia, inédita, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), se resume a um catalisador de alto desempenho a base de etanol.
O óleo saturado ? mil litros diários recolhidos basicamente em bares e restaurantes da cidade ? é submetido a uma reação química para a quebra a cadeia de carbono. Após a decantação do material coletado em tambores, o óleo depurado é aquecido e posteriormente submetido à ação dos reagentes que o transformam em combustível. A substância descartada pelo processo, a glicerina, também pode ser aproveitada, já que interessa à indústria de cosméticos.
A usina provisória reúne, em um espaço de apenas 100 metros quadrados, uma caldeira e um reator. Os equipamentos e os tubos de ensaio usados na análise química do óleo coletado foram instalados pela própria Unicamp.
É que o autor da técnica, Antônio José da Silva Maciel (professor da Faculdade de Engenharia Agrícola), mora na própria cidade. Ele e o químico Osvaldo Lopes (da mesma faculdade) montaram o laboratório no barracão e ensinaram as noções básicas da análise química a dois funcionários do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae), que hoje respondem pela operação da usina.
Lutero Lima Júnior (ex-eletricista da autarquia) e William Aparecido dos Santos (gerente do setor) vestem camisetas e calças surradas. Passam o dia inteiro no barracão calorento, analisando amostras e abastecendo tanques. Por hora, a usina não precisa de mais ninguém. Uma batelada, como é conhecido o processo inteiro, leva só 40 minutos para transformar cem litros do óleo saturado em biodiesel.
Mas a tecnologia entusiasmou de tal forma a Administração municipal que o prefeito José Onério da Silva (PDT) planeja inaugurar uma usina maior na gleba da Estação de Tratamento de Esgoto do Córrego Barnabé. A usina, orçada em R$ 4 milhões, vai empregar mais gente e terá capacidade de fabricar 10 mil litros de biodiesel a cada dia. Mas ninguém tem pressa de executar o projeto. Hoje, diz o prefeito, a produção modesta, improvisada no barracão, é suficiente. A idéia é, no futuro, usar biodiesel em toda a frota da Prefeitura. Em seguida, planeja, o combustível limpo poderá ser até vendido.
José Onério comemora a adesão dos moradores ao projeto. Hoje, a população já entrega em 14 pontos de coleta espalhados pela cidade cerca de 30% do óleo que abastece a usina. As crianças da rede pública de ensino acompanham as explicações dos funcionários de olhos atentos. ?Cuidamos da natureza com combustível mais limpo e geramos emprego nas usinas?, diz o prefeito.
Tecnologia atrai atenção de indústrias de todo o País
A tecnologia desenvolvida pela Unicamp para a produção do biodiesel já atrai o interesse das linhas industriais. O produto patenteado pelos professores vai ser usado pela Biocamp, que é uma fornecedora de combustível limpo instalada em Campo Verde (MT). Pelas estimativas dos pesquisadores Maciel e Lopes, a empresa vai estar produzindo 60 milhões de litros a cada ano do combustível desenvolvido na Unicamp.A aplicação industrial do produto pode ser maior, já que o catalisador é eficiente não apenas com óleo vegetal, mas também com gordura animal. A produção do biodiesel em Indaiatuba também já chamou a atenção de uma fábrica de café orgânico de Itu. O sistema de torrefação será movido pelo combustível limpo, assim que o Saae obtiver autorização para vender o biodiesel que sai do barracão.
Segundo o prefeito José Onério (PDT), a própria Unicamp intermedia a negociação com a Agência Nacional de Petróleo (ANP) a chancela técnica que ateste a qualidade do produto. Quem também está de olho na produção é o Instituto Harpia Harpyia, organização laica fundada por dom Mauro Morelli, bispo católico que fundou, em Indaiatuba, uma rede de serviços assistenciais. (RV/AAN)
Mudança trouxe o benefício da economia à Prefeitura
A frota do SAAE, que é movida a biocombustível, agrega recursos ao caixa. É que cada litro do biodiesel da usina é produzido a um custo estimado de R$ 0,80. O litro do combustível nos postos chega a R$ 1,80. Além de gastar menos, a autarquia colabora com o meio ambiente, segundo o entusiasmado diretor de comunicação do órgão, Sérgio Squilanti. Hoje, afirma, o tanque cheio pode ter um percentual variável de biocombustível. Mas três dos veículos já são totalmente movidos a biodiesel. Os motores, diz, continuam com o mesmo desempenho que tinham antes.SAIBA MAIS
As pessoas interessadas em obter informações detalhadas sobre o biodiesel à base de óleo saturado podem entrar em contato com a Agência de Inovação da Unicamp, pelo (19) 3521-2552. Já os contatos com o SAAE de Indaiatuba, que tem os veículos movidos com o biocombustível, são os telefones (19) 3834-9493 ou 0800-7722195. A usina funciona numa parte do galpão do Semurb, na Rua Afonso Bonito, 215, Jardim Brigadeiro Faria Lima.O mascote, desenvolvido pelo chargista de Indaiatuba Alexandre de Brito Melo, o Chandy, estará impresso em camisetas, bonés, adesivos, cartazes, e outras peças de divulgação.
Instalada em junho de 2006, a Usina de Biodiesel de Indaiatuba é pioneira, no mundo, na produção desse tipo de combustível, tendo por insumo o óleo de cozinha usado. O projeto é uma parceira entre a Prefeitura de Indaiatuba, Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), Universidade de Campinas e Instituto Harpia Harpyia.
Em novembro de 2006 foi iniciada efetivamente a produção, tendo sido coletados até agosto, cerca de 55 mil litros de óleo saturado, doados por bares, restaurantes e população em geral ao SAAE. Esse é o mesmo volume de biodiesel produzido, em razão do que é descartado na produção ser equivalente ao que é reaproveitado e adicionado em termos de catalisadores e outros reagentes. Faltava, no entanto, uma identidade visual para a campanha. È isso que acontece quinta-feira, no gabinete do prefeito José Onério.
No Projeto Biodiesel Urbano, equipamentos, tecnologia e catalisadores são patentes da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, e dos professores Antonio José da Silva Maciel e Oswaldo Candido Lopes, da mesma faculdade.
A população demonstra estar bastante sensibilizada com o projeto, encontrando nele uma forma fácil e simples de contribuir para evitar a poluição do meio ambiente. Cada litro de óleo saturado descartado no ralo da pia da cozinha que chega a um manancial polui um milhão de litros de água, além de dificultar e encarecer o tratamento de esgotos.
As crianças, particularmente, se mostram as mais sensíveis ao apelo pela doação de óleo de cozinha saturado, pressionando os pais para recolherem o óleo usado em garrafas de plástico (pet), que podem ser entregues em 14 pontos de coleta distribuídos na cidade.