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As mil e uma utilidades do bambu agora em livro

Enquanto não concretiza a idéia de criar uma estamparia a partir de material de anatomia do bambu, que produz um raro efeito artístico, o professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, Antonio Ludovico Beraldo, já se sente em parte realizado ao conceber o livro Bambu de Corpo e Alma, obra que levou pelo menos quatro anos para ser concluída em parceria com um ex-aluno da Unicamp, o professor Marco Pereira, atualmente docente da Unesp-Bauru. Ambos dão a dimensão física do bambu, o qual eles chamam "corpo". E a "alma" do título, pode perguntar o leitor? Beraldo responde que está presente num trabalho de Betty Feffer, que faz uma participação especial no livro. "Ela cuida da alma das pessoas através de terapia que utiliza o bambu", conta Beraldo.
O livro introduz o bambu no Brasil, mostra as suas principais espécies, como ele se propaga e como deve ser tratado. O conteúdo também é ilustrado no CD-ROM "Mil e uma utilidades" em mais de 1.000 fotografias sobre as belezas da planta, que para uns é um presente dos deuses, não madeira dos pobres, como julgam outros. As fotos são de bambus para construção, para criação de instrumentos musicais, alimentação, carvão, entre outras. Segundo Beraldo, somente a China registra 4.000 usos do bambu, que já aparecem devidamente catalogados.

Apesar de dizer que o bambu tem pouca durabilidade, ele chega a medir 30 metros de altura. "É fascinante ver a rapidez com que cresce: o recorde mundial é de 1,21 metros por dia", comenta, enchendo o peito para falar. Um dos potenciais da planta, recorda, é para o agronegócio, agora sobretudo que se fala mais em seqüestro de carbono.

"Em Coelho Neto-Maranhão, são 40 mil hectares de bambu, para fabricação de papel", fala Beraldo, um dos poucos pesquisadores sobre o tema no Brasil. Ele relata ainda que Campinas é uma cidade estratégica para o país na produção do bambu e que reza a lenda que a Alameda de Bambusa tudoides foi plantada por Barão Geraldo.

Alguns bambus têm um ciclo de cinco a dez anos de vida. Depois disso, começa a se degradar. "Uma coleção de 20 espécies, por exemplo, dá um bom retorno econômico ao investidor", estima. Beraldo acrescenta que roda nesse negócio algo em torno de US$ 15 a 20 milhões no mundo por ano. Na Colômbia, o bambu é considerado material de primeira grandeza. No Brasil, a maior parte dos bambus não são de origem local. Foram trazidos, na época da colonização, por europeus e asiáticos. A bambusa é até hoje a espécie mais comum e é bastante encontrada em propriedades agrícolas.

Em 239 páginas, o leitor ficará "deliciado" com as curiosidades e alternativas de uso do bambu, trabalho detalhado com esmero pelos autores. O livro, lançado recentemente, foi publicado pelo Canal Projetos Editoriais. Parte do tema é também apresentado nas disciplinas de pós-graduação da Feagri - Bambu: Características e Aplicações e, na graduação, na disciplina Materiais de Construção Civil, da Faculdade de Engenharia Civil - FEC. Foi elaborado com o intuito de fomentar o interesse e a difusão no uso desta planta, aliado ao crescente interesse e à busca por informações técnicas sobre o vegetal. Ao leitor, Bambu de Corpo e Alma. Para comprá-lo (o livro está sendo comercializado a R$ 50,00), os interessados devem fazer contato com a Agrológica Projetos e Consultoria através do telefone 19-3521-1046 ou do e-mail This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.. (Isabel Gardenal) Fotos: Antônio Scarpinetti Edição de imagens: Luís Paulo Silva