Pesquisas mostram que, sob refrigeração, o coco verde permanece bom para consumo por 16 dias, em média. Embalado com filme de PVC, o fruto tem uma vida útil de 30 dias. Entretanto, para a exportação, o prazo é considerado exíguo, tendo em vista o espaço de tempo entre a colheita e a chegada ao consumidor. Por isso, alternativas para prolongar a conservação pós-colheita do coco verde são bem-vindas. Neste sentido, a engenheira Josane Maria Resende realizou vários testes, revestindo o fruto com biofilme desenvolvido a partir de quitosana e gelatina de pele suína. O resultado foi o aumento da vida útil do produto em até 40 dias.
Os testes foram realizados na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), sob orientação da professora Marlene Rita de Queiroz. Josane recorreu aos polímeros existentes no mercado e adaptou o material para ser usado como revestimento biodegradável. "A idéia foi prolongar a conservação do coco variedade anão verde, sem alterar as qualidades sensoriais e nutritivas da água contida nele. Isso possibilitaria maior tempo para a sua comercialização", explica a engenheira.
As embalagens foram desenvolvidas com três materiais diferentes ? gelatina de pele suína, quitosana e carboximetilcelulose ? sendo que, em determinados testes, a engenheira optou por fazer uma mistura dos materiais. Apenas o biofilme de carboximetilcelulose não se mostrou eficiente nos testes. De acordo com a pesquisadora, o material é incompatível com as outras substâncias.
As amostras foram retiradas a cada dez dias de armazenamento para diversas análises, inclusive sensoriais. Os biofilmes à base de quitosana, gelatina e da mistura de quitosana e gelatina apresentaram melhor desempenho na conservação da água de coco. O biofilme de quitosana, entretanto, teve melhor resultado e conservou mais adequadamente as características nutricionais e sensoriais da água de coco, o que proporcionou, conseqüentemente, maior aceitação do consumidor e melhor aparência do fruto.
A quitosana tem variadas aplicações, entre as quais, o tratamento de queimaduras e o controle de microrganismos. Já a gelatina é eficiente por proporcionar biofilmes com boas propriedades físicas. Por isso, os dois tipos de materiais foram os que obtiveram os melhores níveis de aceitação para o consumo.