Feagri em Foco
2007
A primeira usina de biodiesel urbano ? obtido a partir da reciclagem do óleo saturado de cozinha ou de vegetais ?, do País começa a ser construída no próximo mês em Indaiatuba. Ela servirá como piloto para outras cidades brasileiras. Com a vantagem de poluir menos a atmosfera e ser mais econômico, o biodiesel vai abastecer veículos públicos de 20 municípios, incluindo cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC).
A instalação da usina vai contribuir também para manter os rios e córregos de Indaiatuba mais limpos, pois o despejo do óleo de cozinha nas pias e ralos do município será reduzido ou até deixará de existir. Outra vantagem está na geração de milhares de empregos e no desenvolvimento econômico na região de Campinas, tanto para realizar a coleta e distribuição do produto como para o plantio de vegetais por pequenos agricultores.
O biodiesel vai ser produzido na usina a partir de óleo vegetal saturado (usado para frituras em restaurantes, lanchonetes e residências) e de produtos agrícolas como girassol e mamona, entre outros. A construção da usina está orçada em R$ 3 milhões e deverá ser inaugurada em abril do ano que vem na área disponibilizada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), ao lado da Estação de Tratamento de Esgoto Barnabé, no Distrito Industrial de Indaiatuba. Para entrar em operação pelo menos 200 empregos diretos estão previstos.
O projeto será viabilizado através de uma parceria entre a Prefeitura de Indaiatuba, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Instituto Harpia Harpyia, com apoio do governo federal. As projeções dos idealizadores indicam que a usina vai iniciar as atividades com a capacidade de produção de 50 mil litros diários de biodiesel.
O prefeito de Indaiatuba, José Onério da Silva (PDT), disse que uma planta piloto da usina funciona no município desde outubro do ano passado, a partir de uma parceria feita com a Faculdade de Agricultura (Feagri), da Unicamp, e com o Instituto Harpia Harpyia.
Em um pouco mais de um ano, a população de Indaiatuba incorporou-se ao projeto com doação de óleo de cozinha usado, assim como os proprietários de restaurantes e lanchonetes da cidade. Nesse período, foram produzidos quase 100 mil litros de biodiesel, utilizados 100% em três veículos do Saae e 50% do produto em mais 20 veículos da frota do Saae.
A experiência adquirida nessa planta piloto foi apresentada recentemente em Brasília, no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a participação do chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e de representantes dos ministérios de Ciência e Tecnologia e de Desenvolvimento Agrário.
A partir dessa reunião, os representante do governo federal comprometeram-se a fazer o investimento de R$ 3 milhões, necessários para a construção da usina. Carvalho destacou que a proposta é viável e promove a inclusão social. Além disso, o projeto foi bem visto na esfera federal porque preserva o meio ambiente e estimula a agricultura familiar.
Diante do sucesso do projeto, foi constituído também na reunião um grupo de trabalho que terá a incumbência de formar um consórcio intermunicipal da região. ?Através do consórcio, cada município deverá participar na coleta e no transporte de óleo saturado para a usina, além de intermediar pequenos produtores agrícolas na produção de vegetais para a produção do biodiesel?, revelou o prefeito de Indaiatuba.
Durante a reunião, foi acertado também a destinação do lucro gerado pela eventual venda do biodiesel da usina ao Fundo Municipal de Alimentação e Nutrição para financiar ações e programas de inclusão social.
O secretário de Meio Ambiente de Indaiatuba, Nilson Gaspar, disse que já começou a ser feita a terraplanagem da área de 2 mil metros quadrados doada para abrigar a usina. O local deverá iniciar as obras de dois galpões de 150 metros quadrados. A verba desse início de obras é municipal, mas o investimento do governo federal deverá vir a partir de janeiro, através dos ministérios participantes da reunião. Os primeiros contatos para a formação do consórcio intermunicipal na região também já foram iniciados.
SAIBA MAIS
O biocombustível é resultado de uma reação química chamada de transeterificação entre um ácido graxo e um álcool (ou um etanol obtido de cana ou o metanol, de cereais e madeira).
Essa reação química produz glicerina e diesel. A glicerina é separada para outras utilidades, entre elas na fabricação do sabão.
O biodiesel pode ser obtido de qualquer óleo.
Unicamp faz catalisador de alto desempenho
A proposta de utilizar o biodiesel urbano ? obtido a partir da reciclagem do óleo saturado de cozinha ou de vegetais ?, surgiu com a tecnologia desenvolvida nos últimos cinco anos por engenheiros e pesquisadores da Feagri, na Unicamp. No período, foi desenvolvido um catalisador que obtém resultados eficientes no processo de transformação do óleo em biodiesel. O catalisador é de alto desempenho à base de etanol e, por ser uma boa novidade no mercado, foi patenteado pela universidade em abril deste ano.
O pesquisador Osvaldo Cândido Lopes explicou que o catalisador, ou reagente, é essencial no processo de transformação do óleo vegetal em óleo combustível.
O coordenador do Programa de Biodiesel da Unicamp, Antonio José da Silva Maciel, disse que o catalisador desenvolvido na Feagri é de terceira geração, mas manteve em sigilo a composição desse novo catalisador. Adiantou apenas que é componente de matéria-prima abundante na natureza.
Além de ter criado uma planta piloto em Indaiatuba, através de uma parceria com a Prefeitura, a patente da tecnologia já foi licenciada para a BioCamp, uma empresa do Mato Grosso do Sul. Apesar disso, não há exclusividade de utilização. A tecnologia poderá ser repassada a quantas empresas desejarem utilizar o catalisador e a universidade receberá royalties pelo emprego dele.
A história de Fujii confunde-se com as de outros professores-doutores da Feagri, que por ser uma das pioneiras na formação de engenheiros agrícolas, iniciou as atividades de ensino com professores MS-1 (somente graduados. ?E este é mais um motivo de orgulho, pois grande parte dos doutores que aqui atuam ingressou na Feagri como estudantes de graduação?, acrescentou Roston. O diretor explica que a Universidade sempre apoiou os professores na realização de pós-graduação. Esta atitude, além de qualificar as atividades de graduação e pós na unidade, facilitou a inserção de profissionais formados pela Unicamp no mercado de trabalho e na carreira acadêmica, segundo Roston. ?A Feagri está sempre em busca da qualidade na qual a Unicamp está empenhada, que é colocar a Universidade em níveis comparáveis às melhores do mundo?, disse.
Criada em 10 de julho de 1985, a Feagri conta atualmente com 39 doutores. Para Roston, a criação da faculdade trouxe grandes benefícios para o Brasil, que até 1975 não tinha profissionais capacitados para atuar na área de desenvolvimento de máquinas agrícolas e de processos de irrigação mais especializados, gestão de recursos hídricos e saneamento. Hoje, as pesquisas desenvolvidas na faculdade dão contribuição importante ao agronegócio brasileiro. ?A engenharia agrícola nasceu para cobrir uma lacuna existente na agronomia na época, que era o desenvolvimento de tecnologia para o desenvolvimento de máquinas e implementos agrícolas e processos de irrigação mais especializados?, reforça.
Na direção da revitalização, cabe ressaltar que São Paulo foi o berço da vinha no Brasil, graças a Martin Afonso de Souza e ao fidalgo Brás Cubas, este um vitivinicultor nascido no Porto e responsável pela introdução dos primeiros bacelos de castas Vitis vinifera para a produção de vinho.
Visitaram o Laboratório de Materiais e Estruturas e conheceram trabalhos desenvolvidos no Campo Experimental.
Foram recepcionados pelo Eng. José Ricardo Lucarelli.
Ele contou que nesta semana a Unicamp receberá, no Gastrocentro, um especialista japonês, o professor Toyama, para uma demonstração téorico-prática de cirurgia endoscópica de câncer gástrico precoce. "Está prevista também uma apresentação de um grupo de dança vindo diretamente do Japão no ano que vem e do Grupo de Tambores de Campinas. Outros eventos estarão ocorrendo simultaneamente na USP e na Unesp", adiantou Yamanaka.
O cônsul Jiro Maruhashi pontuou algumas relações Japão-Brasil falando inclusive sobre certos contrastes. "O Brasil é 22 vezes maior em extensão. Em relação à população, o Japão tem 130 milhões de pessoas e, o Brasil, 190 milhões. O Japão é a segunda economia mundial e o Brasil a décima. Os recursos naturais no Japão são escassos e no Brasil são abundantes. O PIB do Japão é de US$ 35,650 e do Brasil é de US$ 4.271", lembrou. Apesar de relatar os contrastes, Jiro mencionou a importante acolhida que o Brasil deu aos japoneses, que chegaram ao país em 1908. Segundo o cônsul, atualmente o Brasil é a terceira comunidade estrangeira no Japão, após somente a Coréia e a China.
O cônsul ainda recordou alguns marcos históricos como o início das relações diplomáticas com o Brasil em 1895, a chegada do navio Kasato-Maru a Santos, as relações interrompidas devido à Segunda Guerra Mundial em 1942, a vinda de 52 mil imigrantes japoneses ao Brasil em 1952, alguns projetos nacionais como Usiminas, Ishibras, Amazon Almi e Cerrado em 1960, a crise brasileira de 1980, a ruptura da 'bolha econômica' do Japão em 1990. Para Jiro, as visitas do primeiro ministro Hashimoto em 1996, do Imperador e da Imperatriz em 1997, do primeiro ministro Koizumi em 2004, do presidente Lula ao Japão em 2005 e do primeiro ministro das Relações Exteriores do Japão ao Brasil em 2007 contribuíram para estabelecer novas cooperações. No ano que vem, visitará o Brasil o príncipe Naruhito, que virá para as comemorações do Centenário.
De acordo com o professor Dênis Roston, diretor da Feagri, é uma satisfação para a sua unidade sediar esta primeira reunião das comemorações. Ele destacou que entre as contribuições do Japão à agricultura brasileira estão a introdução dos fertilizantes, inseticidas e novas técnicas de plantio. "O agronegócio brasileiro é responsável atualmente por mais de 30% do PIB e de 35% dos empregos. Devemos isso aos japoneses e aos seus descendentes", realçou.
Além da busca pela eficiência energética, a preocupação ecológica se mostrou decisiva na edição 2007. O protótipo a gasolina da Unicamp inovou ao usar uma carenagem muito leve feita com fibra de bananeira. O carro elétrico de bambu da UFSM "voou" longe dos concorrentes, a exemplo do 14-Bis de Santos-Dumont.
A Ulbra dominou a avaliação de projetos. Seus carros ganharam em ambas as categorias: gasolina e elétrico.
Todos os resultados da Maratona 2007 foram auditados pelos profissionais da Falcão Bauer, um dos mais avançados e reconhecidos centros tecnológicos do país, com mais de 50 anos de experiência em controle de qualidade e ensaios tecnológicos.
Na categoria elétrico, todas as baterias utilizadas pelos protótipos foram equalizadas no laboratório do fabricante, a Heliar, sorteadas entre as equipes e lacradas até o início da prova.
Confira os resultados:
CATEGORIA GASOLINA:
1 - Unicamp (equipe Fibra de Bananeira): 367,05 km/l
2 - Ulbra (equipe Camelo 3): 270,68 km/l
3 - Mackenzie (equipe Bandeirada): 260,63 km/l
CATEGORIA ELÉTRICO:
1 - UFSM (equipe Bambu): 24,35 km/bateria
2 - Anhembi Morumbi (equipe Errbatronic): 18,55 km/bateria
3 - Unicamp (equipe Tubarão): 16,97 km/bateria
* foram utilizadas baterias Heliar FX 6D de 12V 6Ah (aplicação principal em motos de 125 cc)
CATEGORIA PROJETO:
Gasolina:
1 - Ulbra (equipe Camelo 3): 53 pontos
2 - Anhembi-Morumbi (equipe Errba 2): 47 pontos
3 - Poli-USP (equipe Poli-Mapfre): 46 pontos
Elétrico:
1 - Ulbra (equipe Camelo 4): 54 pontos
2 - Universidade Federal de Santa Maria (equipe Bambu): 46 pontos
3 - Anhembi Morumbi (equipe Errbatronic): 45 pontos
Na equipe da Unicamp, na categoria a gasolina, o veículo Unicamp Gas, foi pilotado pelo aluno André Luiz Marteli.
Na categoria elétrica, o veículo Unicamp Elétrico foi pilotado pela estudante de Física Sheila Grandinetti Simões
A equipe multidisciplinar, coordenada pelo professor Caio Glauco Sanchez (FEM/Laboratório de combustão)é formada ainda por Pedro Guerra, Leonardo Viana Lopes, Rafael Guimarães Savioli, Gustavo Stolf Jeuken, Rafael Rógora Kawano, da faculdade de engenharia mecânica, Augusto Cesar Sanchez e Gabriela Motta, da faculdade de engenharia agrícola e Enia de Cássia Silva Pereira, da faculdade de educação física.
"É necessário, porém, conhecer o negócio como um todo", aconselhou ele quarta-feira (31) durante o Seminário Soluções de TI para Gestão Agrícola do Setor Sucroalcooleiro, realizado na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp. Gilberto é gerente comercial da empresa Gatec S/A - Gestão Agroindustrial, que atua com gestão de software. A sede da empresa fica em Piracicaba, onde o grupo presta consultoria, treinamento, desenvolvimento e integração de sistemas de gestão para os agronegócios da cana-de-açúcar, grãos, algodão e café.
Ex-aluno de mestrado da Unicamp, Gilberto conta como investiu em sua carreira aliando-se a um grupo de peso. "Para se ter idéia, a Copersucar saiu deste centro de tecnologia, criado há mais de 25 anos", revelou. Ele contou ainda que a Gatec possui 110 clientes, distribuídos em quase todos os Estados brasileiros, e no Uruguai, Colômbia, Equador, Paraguai e Argentina. "Quem nos busca procura apuração e redução de custos. Fornecemos soluções em Tecnologia da Informação, mas também fazemos pesquisa e desenvolvimento. Entendemos que gestão de informação não se restringe ao desenvolvimento de softwares", comentou.
Gilberto alertou sobre a necessidade de também saber lidar com a evolução dos produtos oferecidos, antecipando-se ao mercado. "Analisamos a evolução tecnológica e criamos soluções inovadoras, observando a informatização, a integração e a automação da cadeia produtiva", contou. Planejamento de Colheita, Sistema Geográfico de Informações - SGI, Logística de Transporte e Gestão do Processo Industrial - GPI estão entre as soluções propostas pela Gatec. O Seminário foi organizado pela coordenador da Graduação da Feagri, professor José Teixeira Filho, e pelo professor Nilson Antonio Modesto Arraes.
A noite da última segunda-feira, 29 de outubro, revelou novos talentos do mundo do empreendedorismo e da ciência. Em cerimônia oficial, os dezessete finalistas da regional São Paulo dos prêmios Santander de Empreendedorismo e Ciência e Inovação foram homenageados por terem seus projetos classificados para a finalíssima, que será realizada em Brasília, no próximo 29 de novembro. Deste total, 10 trabalhos foram homenageados com menções honrosas pelo seu caráter de inovação e importância regional. (Participaram da final regional concorrentes das seguintes localidades: Regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, cidade de São Paulo, Região do ABC e Litoral.)
Os participantes receberam homenagem das mãos de importantes figuras do setor empresarial como o presidente do Banco Santander no Brasil, Gabriel Jaramillo, e o conselheiro do Hospital São Luiz, Hélio Vasone, que não só elogiaram as idéias como, em alguns casos, demonstraram interesse em patrociná-las devido a sua qualidade técnica e importância para a sociedade. (Confira a galeria de imagens no rodapé da matéria)
Categoria empreendedorismo
Outro pesquisador que vibrou muito com a menção honrosa recebida na cerimônia foi o engenheiro químico e mestrando em Engenharia Agrícola da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Leandro Shiroma. Ele desenvolveu um projeto para a criação de uma indústria, a Quartz, voltada para a produção de artefatos de decoração e revestimentos ecológicos para a construção civil, usando o resíduo das pedras de piscina, conhecido como quartzito.
Segundo o engenheiro, em alguns casos, apenas 20% do material extraído do solo é aproveitado para o revestimento de piscinas, o que faz com que os outros 80% de toda a extração vire resíduo. Com sua idéia, a fábrica irá aproveitar esse resíduo para a fabricação de texturas, argamassas e mosaicos. O projeto prevê uma parceria com uma cooperativa de São Tomé das Letras, em Minas Gerais, pólo comercial deste material e de duas empresas de São Paulo que farão o acabamento dos artefatos e revestimentos ecológicos produzidos pela fábrica de Shiroma.
É o segundo ano consecutivo que o mestrando está entre os finalistas do prêmio Santander de Empreendedorismo. No ano passado, ele concorreu com o projeto de reutilização de resíduos de pó de serra para a fabricação de concreto. "É fantástico estar entre os finalistas de novo, especialmente porque o prêmio garante uma visibilidade para o projeto. No ano passado, empresas entraram em contato comigo graças à visibilidade que obtive ao ter sido finalista", lembrou.
Para Gómez, a parceria entre a Argentina e o Brasil é importante para potencializar consumo de vinho em todo o Brasil. ?A produção e a demanda são grandes em São Paulo, mas a qualidade ainda não é tão satisfatória no momento. A melhoria na qualidade pode intensificar o consumo?, reforçou Gómez.
Há quase dez anos envolvido em pesquisas e consultoria de vinhos espumantes, o professor acrescentou que a idéia é permitir que o aluno alie teoria e prática. Na Universidade Nacional de Cuyo, segundo ele, os alunos contam com uma adega, o que permite a comercialização para empresas privadas. ?A Argentina tem uma longa história na vinicultura e a idéia é capacitar toda a América Latina?, declarou.
Nos dias 21 e 22 de novembro, Gómez estará de volta à Unicamp para participar do 2º Simpósio de Pesquisa e Desenvolvimento em Vitivinicultura da Unicamp, organizado pela Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori), pela Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri).
(Maria Alice da Cruz)
Fotos: Antônio Scarpinetti
Edição de imagens: Luís Paulo Silva