Feagri em Foco
2007
O projeto, diz o professor J. Christopher Brown, do Departamento de Geografia da Universidade do Kansas, que atua num dos maiores centros de geoprocessamento dos EUA, é captar informações importantes para o mercado global, como qualidade, respeito ao meio ambiente e desenvolvimento social, agregando assim valor ao produto. Na UE, a rastreabilidade é obrigatória para se garantir segurança, enquanto nos EUA a motivação é ligada ao bioterrorismo. Tudo começou quando a Unicamp foi chamada pela Cooxupé para, através do geoprocessamento, mapear a sua produção e, assim, ter uma medida melhor da rentabilidade dos cafezais para o planejamento da safra.
"Descobrimos que a área de plantio era menor do que a estimada pelos métodos anteriormente adotados pela Cooperativa, ou seja, a produtividade dos cafeicultores tinha aumentado exponencialmente", diz Pedro Piason Breglio Pontes, da Feagri/Unicamp, que está desenvolvendo o projeto de pesquisa na Universidade do Kansas.
Pesquisadores de Brasília e Goiás anunciaram, na semana passada, a classificação de uma nova espécie nativa de bambu, a Guadua magna. Trata- se de um super bambu, da mesma família do bambu gigante colombiano.
A classificação foi feita pelo agrônomo Tarciso Filgueiras, professor da Universidade de Brasília (UnB), a pedido de Roberto Magno,da Universidade Federal de Goiás, onde a planta é conhecida como taquaruçu.
Segundo Filgueiras,a espécie pode chegar a 30 metros de altura e tem de 10 a 20 centímetros de diâmetro. "O bambu brasil, o maior entre as espécies comuns aqui, chega a 15 metros e tem 8 centímetros de diâmetro", compara o pesquisador especialista da planta Armando Pettinelli Júnior, do Instituto Agronômico (IAC).
O Engenheiro agrícola da Unicamp, Antonio Ludovico Beraldo, explica que na Colômbia e no Equador o Guadua tem a mesma função do eucalipto no Brasil.
Jornal da Tarde - Grupo Estado
Pág. 12 | Agrícola | Quarta-feira,23 de Maio de 2007 | O ESTADO DE S.PAULO
Notícias da Terra
Ele é conhecido como "amigo", "irmão", "ouro verde da floresta" e "presente dos Deuses" pelos asiáticos. Tem mais de 4 mil usos catalogados na China. É o principal elemento estrutural na construção civil na Colômbia e no Equador. Mas, no Brasil, o bambu ainda é encarado com desconfiança e é visto de forma pejorativa.
Por ser um elemento disponível na natureza, essa espécie de gramínea apresenta diversas vantagens para a sua aplicação. ?O bambu é utilizado na construção civil há milênios. Por isso, nesta época em que a sustentabilidade é uma questão de urgência, buscamos conhecer mais suas propriedades e resgatar suas aplicações - que vêm desde os tempos ancestrais - para saber construir com materiais naturais?, explica o arquiteto da Archidomus Arquitetura e do Instituto Ibiosfera, Edoardo Aranha.
Por ser uma material durável, tolerante a solos com baixa fertilidade, o bambu é a matéria-prima natural mais rapidamente produzida. "Ele apresenta uma das estruturas mais perfeitas da natureza, pois combina flexibilidade com leveza", concorda o professor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade de Campinas (Unicamp), Antônio Ludovico Beraldo.
A versatilidade do bambu é tamanha, que ele pode ser usado para sombreamento, quebra-vento, proteção contra a erosão, abrigo da vida animal, tubo para condução de água, drenagem, divisórias, forros, esteiras e ainda possui inúmeras aplicações para decoração e artesanato. Mas, sem dúvida, uma das utilizações mais importantes para os brasileiros seria na construção de estruturas residenciais.
A utilização do bambu no lugar de estruturas convencionais poderia ser a solução para diminuir o déficit habitacional no Brasil - que hoje ultrapassa 8 milhões de famílias -, e baratearia consideravelmente o custo da construção de uma habitação popular. Além disso, o uso do bambu seria uma das alternativas para combater a poluição. "Cada tonelada de cimento fabricada emite 650 quilos de monóxido de carbono na atmosfera. Com o bambu, essa poluição não existiria", conta Aranha.
Mas, essa prática ainda está longe de ser uma realidade em nosso país."Hoje, essa aplicação do bambu ainda é tratada como modelo no Brasil. É preciso ampliar o uso e a oferta para baratear o custo do produto na construção de casas", adverte o arquiteto. "Para ser viável seu uso em larga escala, é necessário primeiro difundir a cultura e tirar esse preconceito com que os brasileiros tratam a planta e, depois criar um material didático para difundir as técnicas de utilização e ainda treinar a mão-de-obra. Deve demorar. Ainda estamos engatinhando", concorda Beraldo.
Para aprender e ensinar sobre as técnicas de utilização do bambu na construção civil, o arquiteto e o engenheiro viajaram até o Equador e a Colômbia - países com grande desenvolvimento nesse setor construtivo - e trouxeram os ensinamentos ao Brasil. Por meio da Organização Não Governamental (ONG) Instituição Ibiosfera, juntaram-se com outras pessoas preocupadas com alternativas de bioconstrução e começaram a desenvolver projetos nesses moldes.
"Primeiro, é preciso construir grandes obras com esse tipo de técnica para poder despertar o desejo das pessoas e, então, atingir toda a população", diz Aranha.
BAMBU TEM VANTAGENS SOBRE CONCRETO E AÇO
- O bambu é uma matéria-prima disponível e renovável, de uso sustentável
- Sua reprodução é rápida - pode ser cortado anualmente
- É leve e flexível
- Possui características de isolamento térmico e acústico
- Peças curtas de bambu podem suportar tensões superiores a 50 MPa, enquanto o concreto usual apresenta um terço desse valor
- O concreto apresenta densidade três vezes superior à do bambu
- O módulo de elasticidade do bambu situa em torno de 20.000 MPa, cerca de um décimo do valor do aço
- Cabos de bambus trançados oferecem resistência similar ao aço, e pesam apenas 10% do metal
Para prédios de até sete andares
Países como Colômbia e Equador já usam o bambu como estrutura de edifícios de médio porte
Uma construção com estrutura em bambu não se resume apenas à pequenas habitações. "Dá para fazer até sete pisos", garante o arquiteto da Archidomus Arquitetura e do Instituto Ibiosfera, Edoardo Aranha.
De acordo com o arquiteto, na Colômbia existem até construções feitas com bambu que possuem vãos livres de aproximadamente 30 metros. No Equador também existem grandes construções, como pontes, feitas com estrutura em bambu. "Ele tem grande potencial agregado à alta tecnologia e casa muito bem com diversos materiais", garante.
Além de ser utilizado para a estrutura, o bambu também pode ser usado para fazer o revestimento da construção. "Em outros países, eu vi casas de alto padrão feitas com o material. E ficam muito bonitas", lembra o professor Antônio Beraldo, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp.
Mas, não é qualquer tipo de bambu que serve para a construção civil. O ideal é que a planta tenha acima de nove anos - idade necessária para atingir o tamanho e o amadurecimento ideais. Além disso, é preciso tratar o bambu para degradar o amido (parte branca interna) para evitar o surgimento de carunchos.
Esse tratamento pode ser feito mergulhando feixes de bambu em um lago por cerca de 15 dias - forma mais barata e rudimentar. Ou, então, tratar quimicamente com CCB (mistura de cromo, cobre e boro, vendida em lojas especializadas). O bambu deve ficar submerso na mistura de quatro a cinco dias.
Depois de tratado, o bambu pode ser utilizado para dar sustentação na estrutura de uma construção. Antes, porém, de se aventurar nesse mundo desconhecido para os brasileiros, é preciso procurar um profissional especializado nessa técnica para garantir que a obra seja segura. "Como todo material, o bambu tem um ponto frágil, que deve ser observado com cuidado", adverte Beraldo. Esse ?ponto fraco? é a ligação.
Por ser um material oco - que fica ainda mais oco depois do tratamento para a degradação do amido -, o bambu deve ser ligado um ao outro cuidadosamente, pois, utilizar pregos ou parafusos, como é feito com a madeira, pode rachar o produto. A dica de Beraldo é fazer a amarração com fibras vegetais ou cintas plásticas, se a obra for pequena. Outra opção é colocar pedaços de madeira dentro do bambu e, então, aparafusar. Já em obras grandes é preciso "rechear" o vão oco com argamassa e ferro.
Essa disposição dos profissionais da construção civil em promover a cultura da construção com bambu tem surtido efeito no país. Beraldo conta que desde o ano passado, os ministérios da Habitação e da Ciência e Tecnologia têm mostrado interesse em apoiar pesquisas para difundir o uso do material no Brasil. "Isso deve ocorrer em breve."
Jornal da Tarde - Grupo Estado
Charlise Morais.O milho "safrinha" já é responsável por 24% da produção da cultura no Brasil. Isto não é pouco, pois o país é o terceiro produtor mundial, atrás somente dos Estados Unidos e da China. Sua produtividade, no entanto, não é vista com bons olhos. "O "safrinha" está relacionado ao baixo uso de tecnologia e, também, à baixa produtividade", explica o engenheiro Hugo de Souza Dias, que realizou um levantamento para avaliar a qualidade de mais de cem lavouras do "safrinha", localizadas no Médio Paranapanema, Estado de São Paulo.
O pesquisador se surpreendeu: a maioria das plantações era de boa qualidade. "É certo que a produtividade deste tipo de milho ainda é baixa, mas constatei que os itens antes considerados um problema para a lavoura foram os mais bem pontuados".
Orientado pelo professor da Faculdade de Engenharia Agrícola Rubens Lamparelli, ele constatou melhorias nas condições de proteção do solo contra erosão, na regularidade da distribuição das plantas na linha de plantio, na otimização da colheita e no controle da infestação de ervas daninhas.
Agência FAPESP - A terceira edição da Jornada de Estudos em Assentamentos Rurais ocorrerá de 13 a 15 de junho, na Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista.
Trata-se de um fórum de discussão sobre pesquisas em assentamentos de reforma agrária no Brasil, particularmente no Estado de São Paulo. A data-limite para inscrição de trabalhos é dia 27 de maio.
No dia 25 de abril, no auditório da AFPU, foram apresentados os 5 projetos de melhoria de processos administrativos escolhidos pela Universidade, em seleção realizada em 2006, quando o projeto da FEAGRI/FEF/SIARQ, que propõe a implantação de um Sistema de Gestão Eletrônica de Documentos foi entregue.
Para o desenvolvimento desse projeto, os servidores da FEAGRI, Enzo Gomes Beato e Rosimeire Isabel Vicentin participaram do curso "Gestão por Processos", oferecido pela PRDU/AFPU/Grupo GEPRO, tendo sido capacitados na metodologia específica para a revisão e implantação de melhorias nos nossos processos de trabalho.
O projeto foi concluído e entregue formalmente à Universidade em abril e resultou no desenvolvimento de um sistema eletrônico de gerenciamento de documentos, que será o primeiro módulo do futuro sistema corporativo da Universidade denominado SIGAD ? Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos. O módulo desenvolvido pelo SIARQ deverá estar disponível para uso nas Unidades-Piloto (FEAGRI, FEF e SIARQ) a partir de 04 de junho próximo.
Participaram também do projeto os servidores Simone Malfatti Ganade Ide e Sérgio Luiz Sabino Junior, da FEF e Fábio Rodrigo Pinheiro da Silva, do SIARQ, os quais também foram capacitados na metodologia GEPRO, além das Servidoras Ana Paula Montagner e Mônica Rovigati, da FEAGRI, e Cristina Correia Dias Barbieri, do SIARQ, que atuaram como gerentes do grupo, que contou ainda com o apoio da Informática das Unidades envolvidas.
A Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp de Botucatu [FCA] e a Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais [Fepaf], em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), lançaram o livro ´Mapa de Fertilidade dos Solos de Assentamentos Rurais do Estado de São Paulo?, no último dia 24.
A obra é o resultado do programa "Desenvolvimento e capacitação de agricultores no uso de técnicas para correção do solo em assentamentos rurais". Trata-se do primeiro atlas direcionado para os solos dos assentamentos, com o objetivo de ser distribuído aos órgãos públicos para trabalharem de forma planejada.
A solenidade de lançamento aconteceu no auditório da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), em Campinas, com a presença do diretor da FCA, professor Leonardo Theodoro Büll; professor Edivaldo Velini, diretor da Fepaf; Elizaide Seixas Manghirmalane, da Superintendência Regional do Incra em São Paulo; Francisco Bernal Simões, coordenador da CATI, representando o Secretário de Agricultura e Abastecimento a professora Sonia Bergamasco, da Feagri/ Unicamp.
Catalisador de alto desempenho é capaz de transformar gordura animal e óleos vegetais em combustível
A Unicamp assinou no dia 16 de abril contrato de licenciamento de tecnologia com a BioCamp Indústria e Comércio de Biodiesel Ltda, com sede em Campo Verde, Mato Grosso. Por meio do acordo, a empresa poderá explorar comercialmente, pelo prazo de 20 anos, um catalisador de alto desempenho capaz de transformar gordura animal e óleos vegetais em biodiesel. A expectativa é que a usina construída pela companhia, que entra em operação no dia 30, produza até 60 milhões de litros do biocombustível ao ano. A produção inicial será de 10 mil litros por dia. Como o contrato não confere exclusividade à BioCamp, a mesma tecnologia deverá ser objeto de novos licenciamentos. "As conversações já estão em andamento. Esperamos firmar outras seis parcerias do gênero", prevê o agente de parcerias da Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp), Uéber Fernandes Rosário. O empreendimento mato-grossense promete trazer importantes ganhos econômicos e sociais para a região.
A tecnologia objeto do contrato de licenciamento com a BioCamp foi desenvolvida pelo professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, Antonio José da Silva Maciel, em parceria com seu aluno de doutorado, Osvaldo Candido Lopes. O docente destaca, porém, que a pesquisa não teria avançado se não tivesse contado com a colaboração de outros professores da Universidade, como Lireny Aparecida Guaraldo Gonçalves e Renato Grimaldi, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), além de Matthieu Tubino e Pedro Faria dos Santos Filho, do Instituto de Química (IQ). "Essa sinergia foi fundamental para a evolução das investigações, bem como para transformar um projeto que estava em escala laboratorial em um aplicável à indústria", afirma.
No doutoramento, defendido na Faculdade de Engenharia Agrícola , o consultor não só desenvolveu um banco de dados para realizar um diagnóstico da empresa em relação aos requisitos de BPF, como também propõe uma metodologia para facilitar a implantação das medidas. "Com o roteiro, o fabricante terá condições de saber se está ou não atingindo os objetivos de adequação às regras, e também poderá implementar as normas com maior facilidade", esclarece. Segundo Nelson Aparecido Alves, que foi orientado pelo professor João Domingos Biagi, não há dúvidas de que um dos segmentos mais crescentes no país é o da fabricação de ração para animais domésticos, a chamada pet food.