Objetivamos neste artigo investigar como as ideias e as práticas introduzidas na implementação das certificações socioambientais de café foram assimiladas e integradas em padrões diversos que influenciam as práticas de cultivo de café na região do Macizo Colombiano, especialmente no município de La Vega, Cauca.
Apresenta-se, com base em duas representações locais, o que pode ser interpretado como a ressignificação das certificações pelo campesinato do Macizo. Discutimos neste trabalho: i) como o discurso do desenvolvimento alternativo é o ponto de interseção que nos permite entender as certificações de café na região; ii) como, durante a implantação e a consolidação dos mecanismos de certificação, há uma reelaboração de práticas modernizadoras, remontadas nas práticas locais enquanto forma de persistência na tradição.
Este artigo é fruto da tese de doutorado de Diana C. Cadena Bastidas.
O texto completo pode ser acessado em: ARTIGO COMPLETO
Nos últimos dias foi publicado o artigo "'Spaces of Inclusion' in territorial governance: the legacy of Brazilian territorial development policies in the empowerment of smallholder farming", de autoria de Wolney F Antunes Junior, Ricardo Serra Borsatto e Vanilde Ferreira de Souza Esquerdo. O texto saiu no Journal of Social and Economic Development, que proporciona um fórum para análises das transformações sociais, econômicas, políticas/institucionais, demográficas e ambientais que ocorrem nos países em desenvolvimento da Ásia, África e América Latina.
Especificamente, o estudo publicado aborda o legado dos programas brasileiros de promoção do desenvolvimento territorial, implementados entre os anos de 2003 e 2016, no fortalecimento das organizações da agricultura familiar em espaços de governança.
O artigo demonstra que as ações realizadas por mais de uma década pelos programas, que articulavam universidades, representantes ministeriais, agências do poder público e sociedade civil, conseguiram organizar os grupos de agricultura familiar e fortalecê-los para os espaços de negociação e discussão no âmbito territorial. Enquanto os programas estiveram em vigor, eles promoveram um processo coletivo de aprendizado institucional, simbolizado na capacidade de lidar com regras, normas e procedimentos, direcionados à inserção em estruturas de governança e à reivindicação de demandas e anseios.
Os autores problematizam, entretanto, que o modelo de governança territorial estabelecido pelos programas brasileiros fortaleceu e incluiu as organizações de agricultura familiar, especialmente em arenas de competição por recursos e políticas públicas específicas, sem avançar em questões mais estruturantes, como a reforma agrária.
Este artigo se soma ao corpo de contribuições teóricas, empíricas e analíticas desenvolvidas pelo Laboratório de Extensão Rural e Agroecologia da Unicamp (LERA) no âmbito do desenvolvimento rural.
O artigo pode ser acessado pelo link: "SPACES OF INCLUSION" IN TERRITORIAL GOVERNANCE: THE LEGACY OF BRAZILIAN TERRITORIAL DEVELOPMENT POLICIES IN THE EMPOWERMENT OF SMALLHOLDER FARMING
O objetivo desta pesquisa foi identificar o perfil dos produtores orgânicos do estado de São Paulo, analisando a distribuição espacial, o sistema de avaliação da conformidade orgânica adotada e a diversidade produtiva.
A agricultura orgânica no estado de São Paulo está concentrada nas regiões com predominância da agricultura familiar. Em regiões com forte presença da cana-de-açúcar, há o menor número de produtores orgânicos. Existem produtores orgânicos registrados pelo MAPA em 97,7% dos municípios paulistas. A maioria dos produtores orgânicos é composta por homens com idade superior aos 41 anos.
A pesquisa completa pode ser acessada neste link: PERFIL DOS AGRICULTORES ORGANICOS E AS FORMAS DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE ORGANICA NO ESTADO DE SÃO PAULO
As práticas agrícolas afetam diretamente a biodiversidade, de tal forma que se faz necessária a busca por práticas mais sustentáveis que combinem produção e conservação ambiental. Quando comparada com o modelo de agricultura convencional, a agricultura biológica é comprovadamente mais benéfica para a conservação da biodiversidade; no entanto, os processos sociais de troca de conhecimentos, cooperação, solidariedade e responsabilidade colectiva relacionados com a agricultura biológica podem influenciar a agrobiodiversidade presente nos sistemas de produção biológica. Este estudo teve como objetivo investigar se a produção agrícola realizada pelos produtores participantes dos Sistemas Participativos de Garantia (SGP) é agrobiodiversa. Para tanto, comparou-se a média da diversidade de itens orgânicos produzidos pelos produtores participantes do SPG com a de produtores terceiros certificados, ambos do estado de São Paulo, Brasil. Foi desenvolvida uma pesquisa documental, analisando o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Brasil. A média da diversidade produtiva do SPG foi de 58,8 itens por produtor, enquanto a média por produtor no terceiro foi de 22,2 itens. Aproximadamente 25% dos produtores orgânicos do estado de São Paulo certificados por terceiros tinham apenas um item produtivo cadastrado. A riqueza de espécies vegetais encontrada entre os produtores de SPG foi de 292 espécies, das quais 12% eram nativas e 12% eram plantas utilizadas para fins medicinais. Os resultados evidenciados contribuem para as discussões sobre a agrobiodiversidade, apresentando o SPG como um sistema que tem um papel importante na promoção da agrobiodiversidade na agricultura orgânica.
Neste trabalho buscamos analisar, a partir do caso da Red de Productores y Consumidores “Comida Sana y Cercana”, se a certificação participativa pode contribuir com a territorialização da agroecologia na perspectiva crítica de transformação dos sistemas agroalimentares.
A Red investigada está localizada no município de San Cristóbal de Las Casas, no estado de Chiapas, México, e usa a certificação participativa há mais de 12 anos. A experiência da Red Comida Sana y Cercana mostra que a certificação participativa é uma metodologia que tem a capacidade de atravessar os cinco níveis de transição agroecológica, sendo um potencial instrumento para a territorialização da agroecologia.
O artigo é resultado da pesquisa realizada durante a Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior – BEPE, da doutoranda Tayrine Parreira Brito, no @Ecosurmx. A bolsa foi financiada pela Fapesp @Agenciafapesp.
O texto completo pode ser acessado em: TERRITORIALIZAÇÃO DA AGROECOLOGIA