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Inteligência competitiva é destaque na Imprensa.

Informação acumulada e organizada por anos serve na detecção de falhas

Fernanda Yoneya
Aumentar a produtividade de granjas avícolas a partir da observação do comportamento das aves. Esta é a idéia proposta pelo zootecnista Marcelo Lima, que, em fevereiro do ano que vem, defenderá tese de mestrado sobre o tema, na Faculdade de Engenharia Agrícola/Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo Lima, o objetivo do projeto é mostrar de que maneira soluções de inteligência analítica podem aumentar a produtividade em produções agrícolas.

Conforme Lima, com o uso de um software diferenciado é possível fazer estatísticas e chegar a conclusões sobre que variáveis levaram a um determinado resultado - uma produção boa ou ruim dos ovos, por exemplo. Os dados obtidos servem então de base para que o produtor saiba exatamente como foi o processo produtivo, identificando falhas e corrigindo erros de manejo.
"A partir de dados armazenados, identificamos padrões de lotes de aves que obtiveram melhores resultados de incubação. Comparamos e cruzamos informações e, com isso, identificamos possíveis falhas." Ele conta que, baseado em dados de comportamento das aves, os pesquisadores conseguem delimitar um padrão ideal de produtividade e reproduzir este cenário. Os dados são da própria ave e dos ancestrais do filhote. "Esse conhecimento ajuda a corrigir erros, eliminando comportamentos de risco e aumentando o tempo de vida útil da ave", diz.

BANCO DE DADOS

Lima diz que o programa precisa de dados de produção de anos sucessivos para perceber repetições. "Quando há uma só repetição, por exemplo, pode ter sido acaso. Então, é necessário que haja uma certa porcentagem de repetições para que as estatísticas sejam consistentes."
A técnica adotada é chamada de árvore de decisão, afirma o zootecnista. "Funciona como uma árvore mesmo, em que cada informação representa uma ramificação." Dados relevantes - genética, idade da ave, idade do ovo, temperatura ambiente - são então selecionados e o desempenho da produção é avaliado sob todos esses critérios.
"Checando o histórico da produção, sabemos quando a produção foi maior ou menor. A árvore de decisão então elege critérios que são cruzados entre si e que apontarão possíveis explicações para uma determinada produtividade." Tem-se, com a árvore, um diagnóstico da produção, diz o zootecnista.
Na empresa onde Lima colheu e comparou dados durante dois anos, foi detectado, por exemplo, que o processo de incubação tinha um rendimento menor aos sábados. "A partir desta informação fomos atrás de possíveis causas e uma delas estava relacionada ao desempenho dos funcionários responsáveis pelo processo, que era menos eficiente aos sábados."
Na empresa onde ele desenvolveu o projeto, os ganhos de produtividade chegaram a 10%. "É essencial que o produtor tenha um banco de dados rico e organizado, pois sem esse histórico não há como avaliar o desempenho da produção." Segundo Lima, a vantagem do sistema de observação comportamental é a de que ele não traz custos ao produtor, já que se trabalha com informações de um banco de dados já existente. "A única despesa é com um serviço de consultoria", afirma.

Folha OnLine
As informações são de O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola.