- Gabrielly Priscila Dos Santos Quirino #218983
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INTELIGENCIA ARTIFICIAL: O PREJUIZO ESTUDANTIL DO SÉCULO XXI
A inteligência artificial foi um ponto de virada na minha vida. Eu, que nunca fui muito adepta à tecnologia (até mesmo para mexer em funções básicas de celular eu precisava de tutoriais da internet), fiquei impressionada e muito entusiasmada com um mecanismo que poderia criar tudo praticamente do zero. Mas, dizendo até de maneira informal e que fique de conselho, toda essa otimização dessa ferramenta criou um vasto problema em minha vida, principalmente a acadêmica.
cena do filme Megan de terror tem boneca assassina movida por inteligência artificial
A princípio, pode até parecer óbvio os seus malefícios em excesso; para mim, no início também era. Porém, o que era apenas um “só vou dar uma olhadinha em uma coisa”, “deixa só eu pesquisar uma coisinha rapidinho”, “só vou pedir para gerar uma tabela, não vai ser nada demais”, foi virando uma dependência. Hoje eu reconheço os inúmeros prejuízos que essa ferramenta me causou.
De acordo com a empresa de cibersegurança Kaspersky Lab, um estudo revelou que 20% dos estudantes admitiram usar ferramentas de IA para ajudar na escrita de seus trabalhos, com 10% reconhecendo o uso dessas ferramentas para plágio intencional.
Os Primeiros Sinais de que Algo Estava Errado
Falta de paciência em sala de aula, não conseguir ler um texto inteiro sem pular inúmeros parágrafos com o propósito de ler apenas o que me interessava, irritabilidade em conversas muito longas, dificuldades de trabalhar fórmulas matemáticas, assistir a vídeos em velocidade acelerada, dificuldades em construir uma linha de raciocínio, textos mal elaborados… Essas foram apenas algumas das coisas que começaram a me ocorrer.
Por um lado, acreditava que as IAs estavam otimizando o meu tempo e facilitando o processo de aprendizagem. Mas tive que cair em mim que não era aprendizagem se eu de fato não estava aprendendo e não havia otimização alguma se depois eu tinha que pedir para a inteligência me explicar 5, 6 vezes novamente um assunto que eu entenderia na leitura de um capítulo de algum livro indicado pelo professor.
Caí em mim quando um dia uma amiga citou o Google Acadêmico e dentro de mim eu pensei “nossa, quem usa o Google Acadêmico hoje em dia?”, mas percebi que eu era a errada em não usar recursos mais recomendados e procurar por tudo mastigado em recursos de IA. Outra situação foi um vídeo em que assisti e o youtuber mencionou “se você não tem paciência de assistir a um vídeo de 20 minutos, você precisa reconhecer que existe algo de errado” e sim, eu me enquadrava nesse caso.
Segundo a entrevista concedida pela neuropsicopedagoga Flávia Priscila, a inteligência artificial se trata de um mecanismo que veio facilitar os meios de pesquisa, mas com todo esse avanço tecnológico, a inteligência artificial traz um perigo silencioso no processo do desenvolvimento cognitivo, deixando aos poucos nosso cérebro preguiçoso e até mesmo causando um atrofiamento por não praticarmos o esforço cerebral do processo de adquirir conhecimento. A mesma ainda ressalta a preocupação para as futuras gerações que são os primeiros que estão sendo afetados: “antigamente o aluno era, de maneira positiva, forçado a ir atrás de livros, revistas científicas e jornais para conseguir respostas para suas dúvidas; hoje em dia, qualquer criança com um simples ‘alexa’ ou ‘okay google’ consegue em segundos qualquer informação de qualquer parte do mundo e os questionamentos de até onde esse mecanismo é saudável”.
O Que Fazer para Mudar?
Infelizmente, quando percebi o mal que já tinha virado em minha vida, o semestre já caminhava para o fim. Então, precisei tomar medidas extremas para começar a me readaptar. O primeiro passo obviamente foi tirar o uso de IAs do meu dia a dia e utilizá-las apenas e somente para situações muito pequenas. Outra medida foi me afastar o máximo possível de qualquer tecnologia durante os estudos, procurando me manter apenas eu, o caderno e os livros para não cair na tentação de utilizar qualquer outro meio de pesquisa.
E não ironicamente, a própria inteligência artificial nos dá dicas de vencer a tentação de utilizá-la excessivamente em nossa rotina de estudos. A seguir, um texto gerado pela própria IA:
Superar a dependência excessiva de ferramentas de inteligência artificial (IA) para estudar pode ser um desafio, mas é possível com algumas estratégias práticas. Aqui estão algumas sugestões:
1. Estabeleça Limites Claros:
- Defina horários específicos para usar ferramentas de IA e reserve tempos específicos para estudar sem elas.
- Use ferramentas de bloqueio que restringem o acesso a aplicativos de IA durante períodos de estudo.
2. Desenvolva Habilidades de Estudo Independente:
- Pratique a resolução de problemas sem auxílio digital, utilizando livros, anotações e exercícios.
- Participe de grupos de estudo onde a colaboração e a discussão incentivam o aprendizado sem IA.
3. Envolva-se em Atividades Analógicas:
- Leia livros físicos e faça anotações à mão.
- Use flashcards e mapas mentais desenhados por você mesmo para revisão de matérias.
4. Incentive a Criação de Hábitos de Estudo Saudáveis:
- Estabeleça metas de estudo diárias e recompense-se por cumpri-las sem o uso de IA.
- Mantenha um diário de estudos, anotando o que aprendeu e refletindo sobre o processo sem depender da tecnologia.
5. Melhore suas Técnicas de Pesquisa e Escrita:
- Desenvolva habilidades de pesquisa utilizando bibliotecas, artigos acadêmicos e outros recursos offline.
- Pratique a escrita acadêmica sem ferramentas de IA, começando com rascunhos e revisando manualmente.
6. Busque Orientação e Apoio:
- Converse com professores e conselheiros sobre a importância de desenvolver habilidades independentes.
- Procure suporte de amigos e familiares que possam ajudar a reforçar hábitos de estudo saudáveis.
7. Equilibre o Uso da Tecnologia:
- Use a IA como complemento ao seu estudo, e não como substituto. Utilize-a para revisar conceitos após tentar resolver problemas por conta própria.
- Intercale o estudo online e offline, garantindo que você esteja desenvolvendo suas habilidades analíticas e críticas sem depender exclusivamente da IA.
8. Foque no Desenvolvimento Pessoal:
- Participe de atividades extracurriculares que incentivem o pensamento crítico e a resolução de problemas sem a ajuda da tecnologia.
- Pratique mindfulness e outras técnicas de gestão de tempo e estresse para melhorar a concentração e a produtividade.
9. Use Ferramentas de IA de Forma Ética:
- Entenda as limitações das ferramentas de IA e quando é apropriado utilizá-las.
- Eduque-se sobre a ética do uso de IA, incluindo as implicações do plágio e da fraude acadêmica.